Picadeiro da Informação

Friday, July 21, 2006

Folgado é pouco

Trabalhei durante dois anos de madrugada (da meia-noite às 7h, 8h, 9h...) num importante jornal on-line em São Paulo. No meu horário de saída começavam a chegar as pessoas normais que trabalhavam em horários normais. Também no mesmo horário já estavam liberados os jornais do dia que eram levados para as redações para que os repórteres pudessem se atualizar, ver os furos do dia, essas coisas.

Como o editor de homepage chegava pela manhã, ele passava para pegar os jornais que ficavam no térreo do prédio em frente ao prédio da redação. Quando não, mandava que eu buscasse. Um dia ele disse que não faria mais isso e que seria minha obrigação. Então, todas as manhãs eu executava o serviço lusitano. Parava o que estava fazendo, descia, atravessava a rua e pegava os jornais. Quando estava chovendo era uma maravilha. Às vezes encontrava com o elemento editor no caminho.

Um dia me revoltei e disse que não faria mais isso, já que não era pago pra ser "boy", porque tinha que parar o que estava fazendo e porque ele passava todos os dias em frente ao local onde estavam os jornais. Ele não gostou, mas voltou a executar a tarefa. Semanas depois ele foi elevado a editor-chefe. Então me chamou na sala dele e disse que eu teria que voltar a ser burro de carga. O argumento? Seguem as palavras dele:

"Os jornais mancham a roupa e soltam tinta nas mãos. Eu não posso ir para a reunião de pauta todo manchado e sujo. Não pega bem pra mim." Vê se eu mereço?!!! Será que ele já ouviu falar em água e sabão???

Como peão não pode ficar batendo de frente, voltei a realizar a tarefa. Graças a Deus, umas semanas depois me colocaram para trabalhar durante as tardes e deixei um pouco de lado a vida escrava. Ah, os jornais? Ele arranjou outra pessoa para pegá-los. Uma que chegava às 7h junto com ele.

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