Picadeiro da Informação

Wednesday, October 25, 2006

De lá pra cá... daqui pra lá... eu vou!


Em 2004 cobri o desfile das escolas de samba de São Paulo no Anhembi pelo jornal on-line em que trabalhava. Claro, contra a minha vontade, já que tive que comparecer aos dois dias (ou madrugadas) de festa.

Como nunca tinha feito tal cobertura, tinha a certeza de que teria que sambar e rebolar para conseguir tudo o que me pediram - passar as informações sobre os desfiles, entrevistar famosos e pseudo-famosos e integrantes de escolas que passassem pela passarela do samba, personalidades que estivessem no camarote da prefeitura, e fatos curiosos.

Para minha “sorte”, São Pedro mandou aquela chuvinha chata tanto na sexta quanto no sábado. Então, ficava um pouco no camarote, um pouco na pista, andando para lá e para cá sem parar com a roupa toda molhada e com fome.

Apesar do sofrimento, acabei me divertindo de certa forma. É engraçado ver o pessoal da rádio CBN transmitindo o desfile. Na dispersão, estava lá a repórter narrando: a comissão de frente vem chegando, chique e luxuosa. Na fantasia predomina o amarelo-ouro e o azul-turquesa com 342 cristais bordados, muito brilho e coreografia maravilhosa... Meu Deus! Quem “assiste” ao desfile pelo rádio??? Nem os ceguinhos da Fundação Dorina Nowill.

Também é hilário ouvir os colegas fazerem aquelas clássicas perguntas (que eu me recuso) para a porta-bandeira na dispersão: do que é feita a sua fantasia? Como estava a escola este ano? (como se ela tivesse visto a escola passar em vez de ter se concentrado em sua apresentação). E ouvir a resposta padrão: a escola estava linda, a gente entrou com muita garra, a comunidade está de parabéns...

Na verdade, minha vontade era perguntar: rodar tanto não te deixa tonta? Esse boiola do mestre-sala com esse leque ridículo na mão não te lembra o Locomia? Quantos pavões e faisões foram sacrificados para fazer seu costeiro?

Mas além de engraçado, o Carnaval também pode ser perigoso. Eu estava na dispersão, sob um relógio que conta o tempo do desfile, vendo o final da apresentação da Gaviões da Fiel. Resolvi então atravessar para o outro lado para entrevistar alguém que vi. Quando olho para trás vejo um carro alegórico se enroscando e derrubando o tal relógio sobre as pessoas. Algumas ficaram feridas. Foi a maior sorte (minha, claro).

Quando você chega à redação com o sol nascendo, cansado e surdo, ainda tem que contar para os colegas curiosos a sua saga. Depois, ir para casa, ter 5 horas de sono mal dormido escutando aquele bumbo batendo na sua cabeça, levantar com o corpo dolorido e voltar para mais uma noite de festa e alegria. Ô coisa boa que é o país do samba!

Insalubridade já!!!

1 Comments:

  • ahahahaha......muito bom! Adorei o "leque do Locomia"! E como estamos numa era do políticamente correto, pra mim, a ala das baianas tinha que mudar de nome para "ala da diversidade nordestina" (rs).

    By Blogger Contorcionista, at 1:42 PM  

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