Janela indiscreta

Pegando a onda do post anterior, me lembrei de algo que acontecia nas vizinhanças de um grande jornal em que trabalhei.

Certa noite, um jornalista que havia saído na varanda do prédio para tomar um ar (mesmo sendo o poluído ar de São Paulo) gritou para a redação: “meu tem um casal transando no apartamento em frente”.

Lógico, o alvoroço foi geral. Vários curiosos correram para a tal varanda para checar o fato. Eu não pude ir pois estava fazendo uma entrevista pelo telefone. Mas a coisa parecia que estava tão quente que minha vontade era mandar o entrevistado para o espaço.

A cena foi descrita da seguinte forma pelos olheiros: não dava pra ver as pessoas em si porque a cortina do apartamento estava fechada. Mas o posicionamento da luz projetava os vultos, as sombras das pessoas na janela. Uma das pessoas estava de bruços numa rede e a outra em pé, posicionada atrás da primeira. E ficaram naquele vai-e-vem sob os olhares da platéia.

Outras pessoas em outros andares do prédio também perceberam o ocorrido e ocupavam as varandas. Parecia aqueles camarotes de teatro, com todo o público prestando atenção na interpretação da ópera.

Um dos jornalistas, mais velho de casa, disse quando viu o que estava acontecendo que aquele apartamento era sempre locado por uma produtora de filmes pornôs gays e que eles deveriam estar gravando mais um longa.

O engraçado é que muita gente voltou ao trabalho, digamos assim, numa excitação! Pareciam estar revigorados e com uma vontade de trabalhar... Será que algo mais aconteceu naquela varanda?!