Sobre os coleguinhas – O porco

Por economia da empresa nós compartilhávamos a mesma mesa. Ela trabalhava de manhã e eu, à tarde. Sempre que chegava ela estava lá e eu ficava esperando, às vezes, mais de uma hora, sem poder fazer absolutamente nada. Quando ela saía, eu podia começar a trabalhar.
O problema é que, todos os dias, antes de começar o lerê, eu tinha que fazer uma limpeza na minha área de trabalho. Jornais espalhados, mesa suja pela tinta dos jornais e restos da comida do almoço. Isso me irritava muito porque odeio bagunça e sujeira. Mas, o mesmo se repetia todos os dias.
O auge da coisa aconteceu nas férias dela. Nossa mesa tinha duas gavetas. A de cima era dela. Raramente eu abria sua gaveta, já que eu não tinha nada meu lá. E também porque tinha tanta coisa entulhada que era difícil fechar depois. Um dia, abrindo a minha gaveta, uma borboleta, uma traça ou um sei lá o que saiu voando de lá de dentro. Mas ela não me pertencia. Resolvi abrir então gaveta dela pra ver o que tinha.
Dentro, um embrulho que ela havia ganhado de presente com umas canelas em pau e uma coisa gosmenta que havia estragado, embolorado, deteriorado e praticamente criado vida.
Minha atitude? Tirei duas ou três coisas que vi que eram importante e virei a gaveta no lixo. Nem sei o que acabei jogando fora. O pior é que quando voltou de férias, nem notou que a gaveta estava literalmente limpa. Acho que não havia nada de importante mesmo.
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