Picadeiro da Informação

Thursday, June 29, 2006

Presente de Natal

Para inaugurar o nosso blog vou contar uma história que aconteceu numa empresa de internet onde trabalhei. Dessa eu não participei, mas quando minha ex-chefe me contou, não sabia se ficava indignado ou morria de rir. Acabei por fazer as duas coisas.

Que algumas empresas tratam frilas e funcionários contratados de formas diferentes eu já sabia, mas essa foi o cúmulo da empresa mão de vaca. Não me recordo se era Natal de 2002 ou 2003. A empresa, uma das maiores do setor de web jornalismo, prometeu aos funcionários uma cesta de Natal. Que legal todo mundo contente. No dia da entrega chamaram para o estacionamento apenas os contratados. Alguém perguntou então se os frilas também não ganhariam o pequeno mimo. Ninguém na redação soube responder. Eis que uma alma caridosa entra em contato com o RH, que responde: "Ih, é mesmo. Tem os frilas. A gente esqueceu. Mas pode deixar que a gente vai pensar numa coisa legal pra dar pra eles".

Bom, pensaram, pelo menos um vale-presente do Walmart eles devem receber. No mesmo dia, uma pessoa do RH desce até a redação com vários envelopes e pede para a secretária distribuir para os frilas. A secretária, ao ver o conteúdo dos envelopes, se nega a realizar o fatídico trabalho. A pessoa pede então para ouro profissional da redação fazer. Este também se nega. Os envelopes ficaram então sobre uma mesa e alguém foi ver o que estava se passando. Ao abrir essas pequenas caixinhas de surpresa, o susto. O presente legal da empresa aos frilas foi revelado. Um adesivo de geladeira onde se lia "Assine o (nome da empresa). Ligue para 0800...."

Ainda bem que quando eu entrei na empresa as coisas já haviam melhorado. Mesmo frila, eu ganhei uma cesta de Natal. Tudo bem que diferente de quem era contratado (que ganhou duas cestas bem mais recheadas). Não que para mim fizesse diferença. O problema foi na hora da entrega, onde os frilas se sentiram discriminados. Não foi pra menos. Uma pessoa chamava e perguntava: "Frila ou contratado?. Ah, tá! Pra esse aí é cesta amarela" gritava o capitão-do-mato. "Pra esse outro é cesta azul". Nos sentimos na Casa Grande sendo separado dos demais escravos. Os que iam pra lida dos que serviam o sinhozinho.