Picadeiro da Informação

Tuesday, February 20, 2007

Vergonha da vergonha alheia

Carnaval. Época de diversão, alegria, emoção, samba no pé... e vergonha nas transmissões dos desfiles das escolas de samba do Rio e de São Paulo. Sim, porque as entrevistas que os repórteres da Globo fazem na armação e na dispersão das escolas de samba são, a cada ano, mais vexatórias.

Adoro acompanhar os desfiles, mas, no intervalo entre os desfiles, eu troco até de canal porque eu tenho vergonha da vergonha alheia. Dá vergonha da classe jornalística ver todos os anos os repórteres fazendo as mesmas perguntas para os integrantes das escolas, que soltam as mesmas respostas desconcertantes:

Repórter: como está o seu coração?
Passista: batendo forte!

Repórter: essa ala faz parte do setor da escola que vai falar sobre as antigas rainhas. O que representa a sua fantasia?
Integrante da escola: é, é... não sei

Repórter dá aquela longa introdução no esquenta da bateria e pergunta: mestre, não é verdade? Não é muita emoção?
Mestre: oi?
Repórter: a emoção é grande nessa hora?
Mestre: não entendi!
Repórter gritando ao pé do ouvido: nessa hora a emoção toma conta?
Mestre: quero agradecer a toda a comunidade...

Repórter: fulano sai pela escola x há 15 anos e vem no carro número 3 representando um rei. Vamos dar uma palavrinha com ele. Fulano?! Fulano?! Opa, um pouco de correria aqui na armação. Vamos tentar chegar mais perto... fulano?!
Com cara de bunda o repórter tenta uma saída e puxa um dos empurradores do carro alegórico:
É, o carro já está entrando na avenida... amigo, muito pesado o carro?
Empurrador: sai, sai...
Repórter com cara de bundão: é a concentração dos integrantes da escola. Carnaval é globeleza!

Além disso, vemos aqueles foras que, mesmo com a toda poderosa emissora, acontecem todos os anos. Por exemplo, alguém poderia dar um vidro de xarope para o Chico Pinheiro. Todo ano é aquele tosse-tosse com microfone aberto dentro da cabine de transmissão.

No Rio, o apresentador Márcio Gomes, mesmo depois de “devolver” a transmissão para Maria Beltrão, continuou com o microfone aberto por uns 30 segundos reclamando que não tinha conseguido contato com a repórter que era para ter entrado ao vivo.

Mas, o pior, ficou por conta da sutileza de Dudu Nobre fazendo um comentário sobre Adriana Bombom, sua mulher, que desfilou pela Portela. Ao ser perguntado por Kleber Machado se ele conhecia aquela madrinha de bateria, ele respondeu: “se conheço, como todos os dias lá em casa e não engordo”.
O que será que nos espera nos desfiles do próximo ano?!